Imagine que você é um professor ensinando uma criança a diferenciar entre gatos e cães. Você mostra diversas fotos, explica as características que diferenciam um animal do outro e oferece feedback sempre que a criança acerta ou erra.

Este processo de ensino guiado, em que o professor disponibiliza exemplos e fornece as respostas corretas, é uma excelente analogia para entender o aprendizado supervisionado, um dos conceitos fundamentais em Machine Learning.

 

O Que é Aprendizado Supervisionado?

O aprendizado supervisionado é um tipo de aprendizado de máquina onde utilizamos um conjunto de dados rotulado para treinar um modelo. Mas o que significa um dado “rotulado”? Simplesmente quer dizer que, para cada exemplo no conjunto de dados, temos uma resposta esperada – como se fosse a chave de um quebra-cabeça. Assim, o modelo aprende a relacionar os dados de entrada com as saídas desejadas, criando uma espécie de regra que o permite fazer previsões para dados novos.

Pense, por exemplo, em um sistema que aprende a prever o preço de uma casa com base em características como área, número de quartos e localização. Durante o treinamento, ele recebe vários exemplos de casas e seus respectivos preços, ajustando-se até conseguir prever corretamente.

Uma questão que podemos nos perguntar é: “Como exatamente o modelo aprende?”. A resposta é que ele ajusta seus parâmetros internos para minimizar a diferença entre as previsões que ele faz e os valores reais, em um processo que chamamos de “treinamento”. Ou seja, matemática pura!

 
Machine Learning - Aprendizagem Supervisionada

 

Componentes do Aprendizado Supervisionado

Para compreender melhor, vamos dividir o aprendizado supervisionado em alguns componentes essenciais:

  1. Conjunto de Treinamento: É um conjunto de dados rotulados que o modelo utiliza para aprender. Contém pares de entrada e saída, como, por exemplo, uma imagem de um gato (entrada) e o rótulo “gato” (saída).
  2. Modelo: Uma função matemática que tenta aprender a relação entre as entradas e as saídas. Em termos mais técnicos, ele tenta encontrar uma função que melhor aproxime a relação entre as variáveis explicativas e a resposta.
  3. Função de Custo (ou Função de Perda): Mede o quão bem o modelo está se saindo. Ela calcula a diferença entre o valor previsto pelo modelo e o valor real. Se essa diferença for grande, o modelo deve ser ajustado. Dessa forma, a função de custo é um termômetro da qualidade do modelo.
  4. Otimizador: Um algoritmo que ajusta os parâmetros do modelo para reduzir a função de custo. É como um guia que, a cada passo, indica como melhorar as previsões do modelo, até que a diferença entre o previsto e o esperado seja mínima.

 

Classificação e Regressão: Dois Tipos Principais de Problemas

Dentro do aprendizado supervisionado, podemos encontrar dois tipos principais de problemas: classificação e regressão.

✨ Classificação: O objetivo é categorizar as entradas em classes predefinidas. Imagine que você está criando um sistema para detectar e-mails de spam. O modelo deve classificar um e-mail como “spam” ou “não spam”. Esse tipo de problema foca na identificação de categorias.

✨ Regressão: Aqui, o objetivo é prever um valor contínuo. Pense no exemplo de prever o preço de uma casa. O valor do preço é um número que pode variar amplamente, logo, o problema se enquadra na categoria de regressão.

 

Exemplo Prático: Prevendo Preços de Casas

Vamos ilustrar isso com um exemplo mais concreto. Suponha que você tenha um conjunto de dados com informações sobre várias casas – como metragem, número de quartos, idade da construção, entre outras variáveis – e os respectivos preços de venda. O objetivo deste nosso projeto de dados seria construir um modelo que possa prever o preço de uma casa nova com base nessas características.

Primeiramente, utilizamos os dados rotulados para treinar nosso modelo. Ele aprende a partir dos exemplos, criando uma relação entre as características das casas e seus preços. Durante o treinamento, ele pode cometer erros, como prever um preço muito acima ou muito abaixo do valor real. A função de custo entra em cena aqui, quantificando o erro, e o otimizador trabalha para ajustar o modelo de forma que ele melhore suas previsões.

Depois de treinado, podemos testar o modelo com casas que não estavam no conjunto de treinamento. Se ele conseguir prever bem, sabemos que o aprendizado foi efetivo.

 

Como o Modelo Aprende?

Agora você pode estar se perguntando: “Como o modelo sabe que está aprendendo corretamente?“. Para garantir um bom aprendizado, normalmente dividimos nosso conjunto de dados em três partes:

➡️ Conjunto de Treinamento: Utilizado para treinar o modelo.

➡️ Conjunto de Validação: Utilizado para verificar se o modelo está generalizando bem durante o treinamento. Se o modelo começa a se sair muito bem no treinamento, mas mal na validação, isso é um indício de overfitting.

➡️ Conjunto de Teste: Utilizado ao final para verificar a precisão do modelo em dados nunca antes vistos. Isso nos dá uma noção real do quão bem o modelo pode ser aplicado no mundo real.

 

Overfitting e Underfitting

Dois conceitos importantes ao se falar de aprendizado supervisionado são overfitting e underfitting. O overfitting acontece quando o modelo aprende demais sobre os detalhes do conjunto de treinamento, a ponto de perder a capacidade de generalizar para novos dados. Isso seria como decorar as respostas das provas, em vez de entender o conceito. Por outro lado, o underfitting ocorre quando o modelo não consegue capturar padrões suficientes dos dados, levando a previsões simplistas e pouco precisas.

Uma maneira de evitar o overfitting é utilizar técnicas de regularização, que adicionam uma penalidade para modelos que tentam ser complexos demais. Outra abordagem é garantir que temos dados suficientes para que o modelo possa aprender de maneira robusta, sem se prender a detalhes irrelevantes.

 
Supervised Learning

 

Algoritmos Populares de Aprendizado Supervisionado

Existem vários algoritmos usados em aprendizado supervisionado. Alguns dos mais populares são:

Regressão Linear

Muito utilizado para problemas de regressão. Ele tenta ajustar uma linha reta que melhor se aproxima dos pontos dos dados.

🔥 Leia o artigo completo sobre Regressão Linear

Árvores de Decisão

Podem ser usadas tanto para classificação quanto para regressão. Elas funcionam dividindo o conjunto de dados em subgrupos baseados nas características mais relevantes, criando uma estrutura hierárquica de decisões.

🔥 Leia o artigo completo sobre Árvores de Decisão

k-Nearest Neighbors (k-NN)

Esse algoritmo classifica uma nova observação com base em seus vizinhos mais próximos. É como tentar descobrir se um e-mail é spam comparando-o com e-mails semelhantes.

🔥 Leia o artigo completo sobre k-Nearest Neighbors

Redes Neurais

Inspiradas no funcionamento do cérebro humano, elas são extremamente poderosas e conseguem capturar relações complexas nos dados. São amplamente utilizadas em problemas que envolvem grandes volumes de dados, como reconhecimento de imagens.

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Conclusão

O aprendizado supervisionado é a base para muitos avanços na inteligência artificial e no machine learning. A ideia de ensinar uma máquina a partir de exemplos, como um professor que guia seu aluno, é poderosa e amplamente aplicável. Seja para prever o preço de uma casa, detectar fraudes ou classificar e-mails, esse tipo de aprendizado tem se mostrado essencial para resolver problemas do mundo real.

Porém, um bom modelo supervisionado depende de um treinamento robusto, dados de qualidade e uma boa compreensão das limitações que podem surgir, como o overfitting e o underfitting. Entender esses aspectos nos permite construir modelos mais precisos e aplicáveis, que de fato agreguem valor ao negócio e à sociedade.

O que você acha? Consegue pensar em alguma aplicação do aprendizado supervisionado no seu dia a dia? Talvez haja mais inteligência artificial ao seu redor do que você imagina!

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Last Update: outubro 7, 2024