Azure Data Factory é um serviço de integração de dados em nuvem oferecido pela Microsoft e projetado para lidar com as complexidades da transferência e transformação de grandes volumes de dados.

Em um mundo onde a diversidade das fontes de dados é cada vez maior, uma ferramenta capaz de unificar, transformar e mover dados é essencial.

Nesse sentido, o Azure Data Factory se destaca como uma solução robusta e flexível para profissionais que lidam com desafios de engenharia de dados, permitindo criar fluxos de trabalho automatizados que integram diferentes plataformas, sejam elas locais, na nuvem ou em ambientes híbridos.

Neste artigo, explicarei alguns dos benefícios de se trabalhar com a ferramenta, a partir da minha experiência liderando um time de dados que já implementou mais de 40 projetos de business intelligence para empresas como Klabin, Sicoob e Crocs.

 

O que é Azure Data Factory?

Azure Data Factory é uma solução de integração de dados oferecida pela Microsoft na nuvem. Ela permite mover, transformar e integrar dados provenientes de diversas fontes, sejam locais, em nuvem ou híbridas.

Esse serviço possibilita a construção de pipelines de dados automatizados que auxiliam organizações a lidar com grandes volumes de informações, conectando sistemas heterogêneos e facilitando a análise e utilização dos dados de maneira centralizada.

Arquitetura - Azure Data Factory

 

Por que o Azure Data Factory?

Atualmente, as organizações gerenciam grandes volumes de dados oriundos de sistemas diversos: bancos de dados relacionais, aplicações web, fontes locais, sistemas legados e serviços de nuvem. A diversidade das fontes torna o processo de integração e análise de dados desafiador.

Com o Azure Data Factory, é possível centralizar esses processos em um único ambiente, proporcionando escalabilidade, segurança e facilidade na gestão dos fluxos de trabalho.

Ao utilizar o serviço da Microsoft, os engenheiros de dados ganham uma interface intuitiva que permite o desenvolvimento de pipelines que movem e transformam dados entre as mais diversas plataformas, com funcionalidades que oferecem agilidade e controle total do processo.

Para quem busca transformar a integração de dados em algo mais automatizado, Azure Data Factory é uma opção que atende a um amplo espectro de necessidades.

 

Estrutura e Componentes do Azure Data Factory

Para entender como o serviço funciona, é essencial compreender seus principais componentes e como eles interagem para criar pipelines de dados robustos. Abaixo, discutiremos os principais elementos que compõem sua estrutura:

1. Pipelines

Pipelines são a base da estrutura do Azure Data Factory. Um pipeline é uma coleção de atividades que realizam um processo ou tarefa específica. Por exemplo, um pipeline pode ser projetado para mover dados de uma fonte de dados SQL para um Data Lake ou para transformar dados utilizando serviços de machine learning.

Cada pipeline pode ser composto por uma ou várias atividades, e essas atividades podem ser encadeadas ou operadas em paralelo, dependendo do fluxo necessário. Essa flexibilidade permite a criação de processos complexos de integração de dados.

2. Atividades

As atividades são as tarefas individuais dentro de um pipeline. Nesse sentido, há diversos tipos de atividades que podem ser utilizadas:

  • Copy Activity: Movimenta dados de um local para outro, como de um SQL Server para um Blob Storage.
  • Data Flow Activity: Realiza transformações em dados sem necessidade de código complexo.
  • Notebook Activity: Executa notebooks hospedados em Azure Databricks.
  • Custom Activity: Permite a execução de código personalizado, como scripts Python, para transformar os dados de maneira mais específica.

Essas atividades podem ser programadas para rodar em sequência ou de forma assíncrona, permitindo a construção de processos ágeis e altamente escaláveis.

3. Data Sets e Linked Services

Data Sets representam os dados que serão usados ou manipulados pelas atividades do pipeline. Podem ser bases de dados, tabelas ou arquivos em diferentes locais. Já os Linked Services são como “conexões”, especificando as credenciais e os detalhes necessários para acessar uma fonte de dados. Pense nos Linked Services como configurações de conexão que permitem o acesso ao repositório desejado.

Por exemplo, um Linked Service poderia ser um SQL Server local, enquanto o Data Set seria uma tabela específica nesse servidor. Assim, as atividades dentro do pipeline utilizam essas informações para ler ou escrever dados conforme necessário.

4. Integration Runtime (IR)

O Integration Runtime é o mecanismo que permite ao ADF executar atividades e se conectar às fontes de dados. Existem três tipos principais de IR:

  • Azure Integration Runtime: Para processamento em nuvem.
  • Self-hosted Integration Runtime: Necessário para conectar fontes de dados locais.
  • Azure-SSIS Integration Runtime: Utilizado para a execução de pacotes SQL Server Integration Services (SSIS).

A presença do Integration Runtime oferece a flexibilidade de trabalhar tanto com recursos locais quanto em nuvem, o que se encaixa perfeitamente para ambientes híbridos.

 

Implementação de Pipelines no Azure Data Factory

Agora que conhecemos os componentes essenciais do Azure Data Factory, é importante compreender como implementá-los na prática. A construção de um pipeline envolve um ciclo iterativo de design, desenvolvimento e teste.

Abaixo criei um guia para exemplificar a implementação de um pipeline de integração:

1. Definição do Escopo do Pipeline

A implementação de um pipeline começa com a definição clara do escopo e dos objetivos. Qual é o problema de negócio que precisa ser resolvido? Qual o volume de dados que será processado?

Por exemplo, imagine que a organização deseja migrar os dados de um banco SQL on-premises para um Data Lake na nuvem. A especificação do pipeline deve considerar tanto os dados a serem movidos quanto as transformações necessárias.

2. Configuração dos Linked Services

Com o escopo definido, o próximo passo é criar os Linked Services para configurar as fontes e destinos dos dados. Isso envolve a criação de credenciais seguras e definição das configurações de conexão para os diversos sistemas que serão acessados.

3. Definição dos Data Sets

Os Data Sets representam os dados a serem manipulados. Para mover os dados do banco SQL para o Data Lake, é necessário criar um Data Set para cada fonte e destino envolvido. Isso inclui, por exemplo, a criação de um Data Set para uma tabela SQL e outro para o diretório no Data Lake onde os dados serão armazenados.

4. Criação das Atividades

A atividade principal aqui seria a Copy Activity, que é configurada para mover os dados de uma fonte para outra. Essa atividade permite configurar transformações básicas e mapear colunas conforme necessário. Caso sejam necessárias transformações mais complexas, é possível usar o Mapping Data Flow, que permite transformações visuais mais avançadas.

5. Configuração do Integration Runtime

Por fim, é necessário escolher o tipo apropriado de Integration Runtime para garantir que as atividades tenham acesso aos dados. Se a fonte de dados é local, um Self-hosted Integration Runtime será necessário para permitir a comunicação entre o ambiente local e a nuvem.

6. Monitoramento e Logs

Uma vez que o pipeline esteja em funcionamento, o Azure Data Factory oferece um painel de monitoramento que possibilita o acompanhamento do progresso em tempo real. A ferramenta oferece visibilidade sobre o status de cada atividade, facilitando a identificação de falhas e gargalos. Os logs gerados podem ser utilizados para auditoria e otimização dos processos.

 

Casos de Uso Comuns do Azure Data Factory

O Azure Data Factory é uma solução versátil que pode ser utilizada para resolver uma ampla gama de problemas. Abaixo estão alguns dos casos de uso mais comuns:

Integração de Dados de Sistemas Diferentes

Imagine uma organização que utiliza sistemas SAP para gestão financeira, bancos de dados SQL para o CRM e aplicações SaaS para vendas. Neste exemplo, o Data Factory permite conectar esses sistemas, movimentar e transformar dados para obter uma visão unificada.

Migração de Dados para a Nuvem

Com a crescente adoção de plataformas de nuvem, muitas empresas desejam migrar seus dados para ambientes como Azure SQL Database ou Azure Data Lake. O Azure Data Factory simplifica esse processo, automatizando as transferências e facilitando transformações necessárias durante a migração.

Carga de Dados para Data Warehouses

O Azure Data Factory também é amplamente utilizado para alimentar Data Warehouses. Ele coleta dados de várias fontes, aplica transformações necessárias e os armazena em um Data Warehouse, permitindo consultas e análises complexas.

 

Benefícios do Azure Data Factory

O uso do Azure Data Factory traz várias vantagens para as organizações, especialmente no que diz respeito à integração e gestão de dados em larga escala. Destacam-se:

Escalabilidade

Permite dimensionar os processos conforme a necessidade da organização. Os pipelines podem ser executados simultaneamente, processando grandes volumes de dados sem comprometer o desempenho.

Integração com Outras Ferramentas

Se integra de forma natural com outros serviços do Azure, como Azure Synapse Analytics, Azure Databricks e Azure Data Lake, facilitando a criação de soluções end-to-end para integração e análise de dados.

Suporte a Ambientes Híbridos

Como mencionado anteriormente, a solução suporta ambientes tanto na nuvem quanto locais. Isso significa que as organizações não precisam mover tudo para a nuvem de uma só vez, permitindo um processo de transição gradual.

Interface Visual Intuitiva

Outro ponto interessante é que a interface de desenvolvimento do Data Factory é baseada em drag-and-drop, o que facilita o desenvolvimento de pipelines, mesmo para equipes que não têm uma forte experiência em código. Isso reduz o tempo de desenvolvimento e facilita a colaboração entre diferentes perfis de profissionais.

 

Limitações e Considerações

Embora o Azure Data Factory ofereça muitos benefícios, há algumas limitações que devem ser consideradas. Uma delas é o custo associado ao uso de vários componentes do Azure. Como os custos estão associados ao número de execuções e ao volume de dados, é importante planejar cuidadosamente os pipelines para evitar cobranças inesperadas.

Nesse sentido, já participei de diversos projetos em que a equipe do cliente não possuía muita experiência administrando ambientes cloud, o que gerava uma grande apreensão em relação ao controle de custos.

Além disso, apesar de sua interface amigável, cenários mais complexos de transformação podem exigir habilidades específicas de código, especialmente ao lidar com Custom Activities que requerem integração de código em Python ou C#.

 

Conclusão

Azure Data Factory é uma ferramenta muito interessante para integração e movimentação de dados em ambientes cada vez mais heterogêneos. Com sua capacidade de conectar diferentes fontes, sejam elas locais ou na nuvem, além de transformar dados de forma ágil, a solução se destaca para simplificar o trabalho dos engenheiros de dados que atuam em ambiente cloud.

Para engenheiros de dados, arquitetos de soluções e analistas de BI, o Azure Data Factory não apenas reduz a complexidade da integração de dados, mas também possibilita a criação de pipelines flexíveis, escaláveis e seguros

Sua interface intuitiva e a capacidade de operar em ambientes híbridos tornam a ferramenta ideal para uma ampla gama de cenários, desde a

Assim, para aqueles que buscam acelerar a transformação digital e integrar dados de forma eficaz, o Azure Data Factory é uma escolha que vale a pena considerar, desde cenários de migração de dados até a orquestração de fluxos complexos de transformação.

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Big Data,

Last Update: outubro 20, 2024